Você já se perguntou quais são as iniciativas que a indústria jurídica precisa colocar em ação para fazer parte da Quarta Revolução Industrial – aquela que tem transformado todas as indústrias com uma velocidade sem precedentes?
Para tentar responder a esta dúvida, Dan Lange, CEO da Deloitte Legal Business Services, respondeu algumas perguntas sobre como os departamentos jurídicos corporativos podem se juntar à revolução impulsionada pela tecnologia.
Confira a conversa a seguir e entenda melhor sobre o potencial disruptivo da transformação digital na área jurídica das corporações.
Acompanhe agora as respostas do especialista às questões feitas por Rose Ors, da ClientSmart.
Rose Ors: A necessidade do setor jurídico de se juntar à Quarta Revolução Industrial, sobretudo ao concentrar os esforços na transformação digital, tem sido um dos assuntos mais comentados nos últimos tempos. O que significa “transformação digital” no contexto de um departamento jurídico corporativo?
Dan Lange:Alguns acham que a transformação digital envolve a adoção e o uso de tecnologia; outros acreditam que se trata de usar dados para obter insights de negócios. Cada um está parcialmente correto.
A transformação digital requer tecnologia e dados, mas o que vai impulsionar a mudança é a capacidade do conselho geral e demais colaboradores de reimaginar formas de otimizar o valor do departamento para a empresa que atende.
Rose Ors: Quais são as mudanças mais significativas que os departamentos jurídicos precisam fazer?
Dan Lange: Os departamentos jurídicos normalmente não acumulam ou utilizam os dados necessários para se transformarem. As decisões quase sempre continuam dependendo da intuição e da experiência do advogado que as toma. Uma transformação bem-sucedida requer uma estratégia de dados e também um conjunto de dados rico e confiável que pode ser explorado para insights significativos e rápidos. Os resultados, é claro, são decisões mais inteligentes e resultados mensuráveis.
Rose Ors: Pode nos dar um exemplo?
Dan Lange: Vamos citar os contratos. Um repositório de contratos de alta qualidade está se tornando uma grande aposta entre equipes jurídicas. O armazenamento digital dos acordos, com a marcação de dados apropriada, fornece pesquisa, recuperação e relatórios rápidos. A marcação de metadados dentro dos contratos pode ajudar a medir as posições de risco e identificar marcos e prazos críticos, bem como identificar quem deve aprovar cada um deles.
Um repositório pode aumentar a eficiência, fornecendo modelos de contratos e bibliotecas de cláusulas para acelerar a redação de contratos futuros. Quando as regras de privacidade ou outras leis mudam, o repositório permite que o departamento jurídico determine rapidamente quais contratos têm cláusulas que precisam ser revisadas.
Uma transformação bem-sucedida também exige que os departamentos jurídicos empreguem a experiência multidisciplinar que muitos departamentos agora buscam. Os departamentos que investem mais em Operações Jurídicas irão acelerar o ritmo das mudanças.
Rose Ors: O que mais os departamentos jurídicos devem abordar?
Dan Lange: Os departamentos jurídicos tendem a se concentrar na mudança de aspectos individuais de suas operações de forma isolada. Essa abordagem única pode resultar em investimentos desarticulados, melhorias de processos e tecnologias que podem não funcionar bem entre si ou não estarem conectadas à empresa como um todo.
Existem muitos casos em que departamentos jurídicos corporativos definem um problema de maneira muito restrita. A tecnologia é um excelente exemplo. Um departamento jurídico vê a necessidade de uma atualização tecnológica, compra essa tecnologia e acha que ela resolverá qualquer problema maior que exista. Quando o problema persiste, eles se veem insatisfeitos com a tecnologia e acabam deixando de usá-la.
Rose Ors: Como os departamentos jurídicos podem evitar um foco muito estreito?
Dan Lange: Os departamentos jurídicos devem reconhecer que a verdadeira transformação consiste em vários elementos. Isso exigirá experiência em quatro áreas principais: gerenciamento de mudanças, melhoria de processos, utilização de tecnologia e gerenciamento de projetos. Você precisa empregar um conjunto multidisciplinar de habilidades e experiências, bem como especialistas no assunto.
Na Deloitte, lançamos o Legal Business Services para atender a essas necessidades amplas.
Rose Ors: Como será um departamento jurídico interno moderno daqui a cinco ou dez anos?
Dan Lange: Vejo um departamento jurídico onde os advogados se concentram em questões estratégicas usando dados para tomar decisões melhores e mais rápidas – um departamento que aproveita os dados e a inteligência artificial para executar tarefas de baixo risco e alto volume com mais eficiência, além de oferecer opções de autoatendimento às unidades de negócios.
O departamento também usará tecnologias que não são únicas, mas sim um conjunto de tecnologia legal conectada ao resto da organização.
Rose Ors: Quais são os benefícios dessa mudança cultural e tecnológica?
Dan Lange: Há muito tempo a maioria dos conselheiros gerais e departamentos jurídicos tem como objetivoserem vistos como parceiros de negócios estratégicos. A transformação digital os ajudará a atingir esse objetivo.
Assim como o CEO Dan Lange, empresas como a Arco-Mix, Ânima Educação e Bevap também sentiram a necessidade de investir em tecnologia para o setor jurídico. Depois de algumas avaliações, fecharam parceria com a Thomson Reuters e já estão notando excelentes vantagens.
De acordo com Roberta Diniz, Coordenadora Jurídica da Rede Arco-Mix, após a parceria, viu sua produtividade aumentar. “O que impactou muito na nossa escolha é que precisávamos de maior controle nos processos e na gestão de contratos de locação, e como vocês tinham os dois módulos na mesma ferramenta, conseguimos unir o útil ao agradável”, ela conta.